A história da humanidade mostra que o homem não é flor que
se cheire com o nariz desprotegido.
Se deixá-lo solto, sem as amarras impostas pela sociedade,
que tenta se organizar para uma convivência minimamente saudável, ele mostra
suas garras afiadas, ainda que, em momentos de fúria, quando vem à tona o seu
verdadeiro espírito, o do animal, que não morre nunca dentro de cada um de nós,
fica apenas adormecido.
As leis que tentam regular essa convivência emanam de
princípios, que o exercício da própria convivência social, em milênios, vem
edificando e garantindo hierarquia superior a tais princípios, diante de leis
controversas, ou inconvenientes.
A Suprema Corte não foi criada por acaso. Mas, por uma
necessidade imposta pelas relações sociais que precisam ser pacificadas, ainda
que, à força.
As decisões da Corte Superior precisam ser proferidas com
absoluta isenção e rapidez, porque estão no fim da linha. São requisitos
estampados no texto da Constituição Federal. Portanto, a existência do STF vale
a pena, porque em suas prerrogativas está a de garantir a aplicação
intransigente de todos os artigos e princípios contidos na Carta Mãe. Claro
que, algumas vezes, Ministros não demonstram independência e fraquejam, porque
o cordão umbilical que liga esses ministros aos agentes que os levou ao posto,
demora a ser cortado. e por conseguinte, o sangue da vassalagem continua
circulando em suas veias, em prejuízo da sociedade. O tempo cuida de resolver
essas pendengas.
Assim os homens que ali estão não são bons para estarem
ali. Porém, ao serem guindados ao posto de Ministro, precisam ser bons, porque
a vitrine de cristal que os abriga é cada dia mais transparente, mais iluminada
pelos holofotes de uma imprensa que também pretende ser livre, e a cada dia
mais, o será, ainda que por osmose.
O Legislativo Brasileiro compõe-se, e é natural que seja
assim, de gente de todas as classes, de todas as condutas, e de todas as
crenças. Eis a razão de suas performances boas ou más, aprovadas ou reprovadas
pela maioria social, e pouco importa, porque estarão sempre na primeira fila,
como representantes de seus grupos, em especial.
De modo que, o poder moderador jamais poderá ser entregue a
quem dele é destituído naturalmente, como é o caso de deputados e senadores, em
qualquer parte do mundo, por sua origem, e paradoxal hegemonia.
Esse poder deve ficar abrigado dentro da consciência
inabalável de cada um dos membros da Corte Suprema, e essa possível e
inabalável condição, não nasce com os seus membros. Cristaliza-se como
estalagmite, a partir da assunção ao cargo de Ministro, numa caverna
fria, fortificada, repita-se, pela sua permanente exposição na vitrine da
transparência, que a sociedade construiu e a ilumina, permanentemente, como
forma de garantia.
Há pouco temo, os registros históricos acerca do
comportamento da Suprema Corte, não lhe tiravam o status de casa de homologação
dos anseios das elites. Hoje, já não é mais assim. Está em permanente
aperfeiçoamento, em busca de sintonia com a Sociedade.
Evidente que, se o Ministro Joaquim Barbosa estufar o peito
e convocar o povo para invadir o congresso, e garantir os poderes da Suprema
Corte de Justiça, como a guardiã da Constituição, o povo o acompanhará,
certamente, e seguirá as suas ordens.
Porém, se um parlamentar das duas câmaras, não importa quem
o seja, hoje. Se quiser estufar o peito e também convocar o povo para uma
empreitada, terá a sua bexiga esvaziada, por milhões de agulhas, e nenhuma
obediência lhe será dedicada, salvo, raramente, a de seu pequeno grupo de
representados, que diante de toda a sociedade, é apenas um pingo d’água no
oceano.
Razão porque a Câmara dos Deputados comete grande equívoco,
ao pretender se constituir como ente moderador, que não o é, porque estará
agindo contra os princípios eleitos pela sociedade, que são hierarquicamente
superiores às próprias leis, e por isso, é inconstitucional a sua
pretensão.
Eu sou apenas um, entre muitos que acompanharão o Ministro
Joaquim Barbosa, em defesa do STF, para que a Corte Suprema permaneça livre da
interferência política, e da politicagem.
Vai aqui uma
sugestão, que acredito seja boa para aperfeiçoar rapidamente a Suprema Corte de
Justiça. Quando houver suspeição acerca do comportamento de algum ministro, que
o presidente do STF convoque os seus membros, para uma votação, com 90% de
unanimidade, para excluir aquele que erra, ou comete ilícito em qualquer
julgamento, com amplo direito de defesa, na própria reunião, que deverá ser
transmitida em cadeia nacional obrigatória. Se a suspeita recair sobre o seu
presidente, que a reunião seja convocada pela maioria, e decidida também por
maioria de 90% de seus membros. Penso que será razoável. Quem quiser e puder
que melhore a proposta. O que não pode é eternizar a vassalagem na Corte
Superior.
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