Tuesday, April 02, 2013

DECLARAÇÕS DO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL



COMENTÁRIO ÀS DECLARAÇÕES DO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
Nesta terça-feira, 02.04.2013, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no Senado Federal, disse que a inflação está sob controle, mas ainda apresenta riscos. Por isso, o Banco Central pode adotar novas medidas. Segundo afirmou o presidente do BC, os preços têm sido pressionados pela alta nos preços dos alimentos e nos serviços e o BC vem trabalhando para manter a inflação dentro da meta que é de 4,5%.
O Presidente do BC declarou: “O Banco Central não fica só analisando, olhando a paisagem, analisando os dados. Ele está atuando. A inflação tem na visão do Banco Central mostrado essa resistência nos últimos meses. Estamos acompanhando isso com cuidado. O Banco Central, então, acompanha a evolução do cenário econômico para avaliar a necessidade de adoção de outras medidas no combate à inflação no período à frente”.
Quem acompanhou a atuação do Banco Central nas últimas décadas compreende que, o presidente do BC se equivoca completamente ao dizer que o BC pode adotar novas medidas. Pois, de fato, até hoje, o que se viu foi o BC elevar a taxa de juros até atingir limite jamais visto em todo o mundo, incompatível com o processo de produção.
Ao longo do governo Lula a taxa de juros poderia ter sido reduzida por decreto, porque o presidente tinha respaldo popular para fazê-lo, mas, o BC com seus técnicos convenceram ao presidente, que não tinha traquejo suficiente para opor-se às idéias dos dirigentes do Banco dos Bancos, que a taxa de juros deveria permanecer nas alturas, como de fato aconteceu, para reduzir a inflação, época em que os bancos brasileiros lucraram como nunca, como nenhum outro banco, em qualquer parte do mundo, com a economia globalizada.
Agora no Governo da Presidenta Dilma, que tem formação técnica, o BC foi obrigado a reduzir a taxa de juros, porém não soube o que fazer até agora, com a taxa SELIC no patamar de 7,25% ao ano.
O pronunciamento do presidente do BC, Alexandre Tombini, no Senado, deixa claro essa dissintonia, pois, fica patente, que, mais cedo do que se pensa a taxa de juros pode voltar a subir, não sabem agir diferente, senão, subir ou descer a taxa de juros. Será mesmo essa a função do BC?
Se acontecer de a taxa de juros subir novamente, estaremos voltando ao passado sem conhecermos o futuro de um país que saiba lidar com taxa de juros compatível com a realidade da produção, do comércio e do investimento, nem com a estabilidade econômica, social e política de uma democracia em construção.
Você já viu algum técnico do Banco Central do Brasil viajando pelo país para compreender, para esmiuçar o que de fato acontece com a nossa economia, com a nossa agricultura, por exemplo?
Eu nunca os vi por aí, eles não saem de seus gabinetes luxuosos, refrigerados, com o requinte que o dinheiro farto permite comprar.
É exatamente por isso, que sobra crédito para as grandes empresas, e faltam recursos necessários para micro e pequenas empresas brasileiras, que precisam crescer e desenvolver, atualizar tecnologicamente.
Não sabem os técnicos do BC que o dinheiro é uma ferramenta de fundamental importância para movimentar e regular todo o universo da economia nacional. Mas, precisa ser usado com eficiência.
Operação que dá trabalho para ser executada, mas rendem dividendos poderosos. Será que o BC vive no império da preguiça?
Costumo dizer que o Banco Central do Brasil é a instituição brasileira que menos entende da moeda, a razão de sua existência. Pois, está sempre agindo a reboque dos acontecimentos, ao invés de usar o dinheiro como ferramenta de indução, de manutenção e de construção de um processo regulado e permanente de desenvolvimento.
Quanto dinheiro é canalizado para as pesquisas no Brasil? Quem é responsável por essa deficiência de recursos, e pelo estrago que faz?
Para compreender a importância das micro e pequenas empresas brasileiras, a cada ano alcançam maior participação na economia, ficando próximo de 90% do total de empresas, segundo o IBGE (2004), destacando-se como grandes geradoras de emprego e renda, contribuindo de forma crescente para o aumento do PIB (produto interno bruto), a despeito de todos os obstáculos que precisam superar.
Em pesquisa do SEBRAE também de (2004), aponta que 99% das empresas do país são micro e pequenas empresas, as quais representam quase 70% dos postos de trabalho e 20% do PIB.
Entretanto, há uma situação que compromete um crescimento ainda maior no número dessas empresas, e de seu faturamento, que são os altos índices de mortalidade precoce das micro e pequenas empresas, determinados por diversos fatores. Segundo o SEBRAE (2004), das empresas abertas, 31% não ultrapassam o primeiro ano de atividade e após 5 anos chega a 60%.
Existem fatores externos e internos que levam empresas ao fracasso. No que diz respeito a fatores externos são aqueles que ocorrem no meio ambiente da empresa, que ela não pode controlar, mas que dificulta a sua sobrevivência. Entre esses motivos destaca-se a falta de credito, realidade que o Banco Central pode mudar, mas, nunca agiu nesse sentido, com a devida eficiência, com a devida relevância.
Ora, não faltam informações acerca da importância dessas empresas para que o BC possa agir de forma coerente, pois dados do SEBRAE e do IBGE já no governo do presidente Lula mostra claramente, a importância das pequenas empresas no cenário econômico nacional. Elas geram 70% dos postos de trabalho, ou seja, são elas que pagam a maioria dos compradores de bens e serviços produzidos na economia, ou seja, dos agentes formiguinhas, que são fundamentais no processo econômico, os consumidores. Sem eles não há economia.
É preciso compreender que as grandes empresas são fundamentais, principalmente no mundo econômico globalizado, mas, sem as pequenas empresas as grandes não existiriam. Nem mesmo o mercado sobreviveria!
Porém, essas empresas, mesmo gerando 70% dos postos de trabalho, pela falta de crédito, são presas fáceis do “efeito sanduíche”, porque as pequenas empresas para funcionar, para produzir, compram de grandes fornecedores e vendem para grandes clientes, ficando numa situação em que os preços de compra de seus insumos são impostos pelos grandes fornecedores, e os preços de venda ditados pelos seus clientes, grandes compradores.
O baixo volume de crédito e financiamentos disponibilizados pelo BC dificulta a vida das pequenas empresas em duas vertentes principais: primeiro, porque são obrigadas a entregar a sua produção ao preço ditado por seus fornecedores e compradores, conforme mencionado antes; segundo, porque com a falta de crédito não podem investir na formação de mão-de-obra especializada, de modo suficiente a lhes garantir maior produtividade. Inclusive, são as pequenas que em regra, formam mão-de-obra para as grandes corporações. São elas, além de tudo que representam, também escolas importantes, fonte de experiência.
Assim, a falta de crédito imposta pela política monetária ditada pelo BC, é a grande responsável pela alta mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras, a despeito de sua grande importância no contexto geral da economia.  
A falta de crédito impede ainda que, as pequenas empresas possam alcançar o mercado externo, e como conseqüência disso, possam garantir aumento de demanda para os seus produtos, demanda externa, que poderia diminuir a sua dependência dos grandes compradores e fornecedores nacionais, fato que as colocariam a salvo da morte precoce.
Portanto, o Senhor Tombini precisa sacudir a poeira de seus pulmões acostumados com o ar contaminado que circula pelos dutos dos aparelhos de ar condicionados, sacudir do mesmo modo o de seus pares, para que renovem o ar que respiram, pois, certamente, essa contaminação que limita a oxigenação de seus cérebros, os impede de pensar com a devida segurança, com a devida eficiência, questão que pode ser resolvida com a inspiração de ar puro do campo e das pequenas cidades brasileiras, por onde não andaram, para que com essa visita possam enxergar a realidade de nossa economia, o que certamente, proporcionarão medidas que garantam mais créditos para as pequenas empresas, grandes geradoras de emprego, de renda e de consumo, o verdadeiro motor da economia...
Para que o país possa crescer com estabilidade é condição sine qua no que as pequenas empresas também possam ter vida longa, além da vida de seus criadores, como acontece com as grandes empresas, que se renovam, que se reinventam, o que não ocorre com as pequenas, são substituídas num vai-e-vem de vida e de morte exacerbada em razão, principalmente, da falta de apoio do Estado, do Banco Central que não cria linhas de créditos suficientes. Além da elevada carga tributária a que são obrigadas a suportar.
Perpetuar as pequenas empresas é tarefa básica que cabe ao espírito empreendedor do brasileiro, intrínseco à sua formação e missigenação. Mas, acima de tudo, tarefa de um Estado gerido com inteligência, porque, sem elas, o mercado entra em colapso.
Conseguir essa façanha é o teste definitivo para um governo sério e competente, porque é medida que interessa a todos, embora de tão óbvia, não é enxergada com a necessária sabedoria e ousadia...

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