A economia brasileira vista
potencialmente, com certeza, é uma das maiores do mundo. Não falta água, terra,
sol, energia, fauna, nem flora. Minerais em abundância, povo, trabalhador e
pacífico. Mas, à beira do desespero.
A participação da economia
brasileira no mercado global seria maior e melhor, fossem os vereadores,
prefeitos, deputados, senadores, governadores, ministros e juízes, todos,
representantes do povo, e não, fantoches, representantes de interesses escusos,
sanguessugas do dinheiro público que recebem, sem cumprir o seu papel
institucional, em prejuízo do interesse do eleitor, que é o verdadeiro patrão.
A economia brasileira é tão
poderosa que suportou por décadas, pagar os juros mais altos do Planeta, e mesmo assim,
sobreviveu.
O Banco Central do Brasil para
mim é a instituição que menos entende da moeda, razão de sua própria existência.
O BC não consegue enxergar a
moeda, enquanto instituição, como instrumento, como ferramenta, como alavanca
fundamental do desenvolvimento econômico, social, político e tecnológico, que
pode minimizar o esforço do empresário e do trabalhador, no sentido de manter o
movimento, a alma da economia. O BC enxerga a moeda apenas como finalidade em si
mesma, e age sempre sob essa visão míope.
Enquanto o BC não visualizar a
moeda como ferramenta e se preocupar apenas com o espicha e encolhe dos juros –
a política do estilingue – a economia brasileira não vai melhorar a sua
participação no mercado global, porque está sendo gerida por instituições que
não sabem pensar. O BC nem mesmo vê com clareza suas prerrogativas legais, e
por isso age com absoluta incompetência, fazendo a mesma coisa sempre, mas
esperando resultado diferente.
Contudo, a economia não vai
piorar. A razão dessa confiança é simples: a riqueza há muito deixou de ser o ouro
a pedra preciosa, para ser o alimento, o combustível humano. E nisso o Brasil é
campeão, graças à Embrapa, Empresa Brasileira de Agropecuária. O que o BC
enxerga como inflação dos alimentos, não é inflação, é a elevação dos preços
puxada por fatores sazonais.
Portanto não são os alimentos os
responsáveis pela elevação dos preços, a inflação de fato, que insiste em
mostrar suas garras, tem componentes mais complexos e mais profundos. Os
alimentos no Brasil não serão baratos como foram antes, porque a demanda
internacional não permite mais. Se a produção fosse só para atender aos
brasileiros, os preços estariam baixos.
Com o crescimento da economia brasileira,
ainda que, a passos de tartaruga, nunca o nível de emprego esteve tão alto,
falta mão de obra para o trabalho simples, para o trabalho braçal. Falta mão de obra para o trabalho
especializado. Por isso o circulo virtuoso não se completa, e o desequilíbrio
da economia é permanente. A demanda é maior que a oferta.
A falta de mão de obra não
permite que as empresas trabalhem a pleno vapor, e em razão disso, não
conseguem ofertar bens e serviços suficientes, para manter oferta e demanda em
equilíbrio.
O Brasil, por suas instituições
permanentes deveria ter enxergado esse problema e ter atuado proativamente,
para preparar os jovens brasileiros que ainda estão vivos, porque perdemos
milhares deles, a cada ano, para a violência, que também é conseqüência da
falta de visão do BC, que precisa mudar os óculos.
Quando o BC não enxerga as suas
prerrogativas, não usa de seu status para dirigir o pensamento e ação no
sentido de realizar as medidas complementares, de cutucar os parlamentares, para
conseguir caminhar além da política do estilingue, do sobe e desce dos juros, que
só sozinha é medida inócua, a economia brasileira não sairá do circulo vicioso.
Não culpo os parlamentares,
porque individualmente não são capazes historicamente de pensar, e juntos,
também não pensam, porque a visão de mundo na Câmara e do Senado Brasileiro não
está em sintonia com a vida real. Vive assim o BC, o Parlamento, os Tribunais,
cada um em sua ilha de fantasia particular. Alheios ao interesse do povo
trabalhador, aí incluídos todos: patrões, empregados e trabalhadores autônomos,
de todos os segmentos.
Em meus 60 anos, mais de 35
dedicados ao trabalho em diversos bancos, em empresas públicas e privadas,
inclusive multinacional, com a experiência ainda, de quem teve a sorte de
aprender os ofícios de ferreiro, sapateiro, eletricista, marceneiro, mecânico,
atendente de enfermagem, porque pretendia ser médico, mas, desisti da idéia, e
virei Economista, e também com o conhecimento de quem atuou como empresário, na
indústria e no comércio, na agricultura e pecuária; nunca encontrei um
funcionário do BC caminhando pelo Brasil para compreender a sua complexidade.
Para conferir que o Banco dos
Bancos deve agir com rapidez, simplicidade e objetividade, como indutor, motor
do pensamento seguro acerca de todas as variáveis que a moeda influencia no curto,
médio e longo prazo e garantir que suas ações sejam carregadas da sabedoria
popular, e que a energia do pensamento inteligente, permita visualizar as reais necessidades
da economia, para que suas ações sobrevivam aos governos que são transitórios, é por tudo isso que, emissários do banco devem conhecer o brasil, e a alma dos brasileiros, que trabalham de verdade.
É pela falta dessa relação particular com o Brasil e os brasileiros, que eu digo sempre: o BC é a instituição que menos entende da
moeda, e de seu potencial efetivo.
A moeda é o sangue da economia,
deve circular na medida certa, na velocidade e densidade certas, como o sangue
em nossas veias não pode ficar ralo nem grosso demais, e a pressão arterial que
determina sua velocidade de circulação, não pode ser muito alta, sob pena de um
derrame; 12 x8 é o ponto de equilíbrio. Assim deve ser enxergada a circulação
da moeda na economia, para que haja o equilíbrio e espante a inflação perigosa.
Para Lauro Campos, um dos grandes pensadores da Economia Brasileira, ex-senador e professor da UNB - Universidade de Brasília, que não foi escutado em seu coração e inteligência rara, dizia: "inflação é uma questão de meta e metodos". O BC traça a meta de inflação, mas, faltam os métodos para que ela o obedeça, enquanto gestor da política monetária.
Para Lauro Campos, um dos grandes pensadores da Economia Brasileira, ex-senador e professor da UNB - Universidade de Brasília, que não foi escutado em seu coração e inteligência rara, dizia: "inflação é uma questão de meta e metodos". O BC traça a meta de inflação, mas, faltam os métodos para que ela o obedeça, enquanto gestor da política monetária.
Para quem conhece o Brasil é
fácil encontrar lugares importantes, por onde o dinheiro não anda, não circula,
e a falta do dinheiro gera exclusão, não gera demanda, nem o consumo que fortalece
o mercado interno e garante qualidade de vida, a ótica do modelo em que
vivemos, do capitalismo, que não vai mudar. Pois, ainda não se inventou coisa melhor, para garantir a convivência na economia de mercado.
O dinheiro deve passar pelas mãos
de todos os brasileiros. O BC está preocupado com os capitais especulativos,
com os que usam o dinheiro para especular, e com a força dele exploram principalmente
os trabalhadores, as pessoas que geram o verdadeiro e necessário movimento da
economia, que a torna real, são as formiguinhas que fazem a economia funcionar,
produzindo e consumindo ao mesmo tempo.
Se o sangue deixa de passar por
uma veia, por um capilar, o órgão que não recebe sangue morre, para de
funcionar, todo o organismo fica comprometido, porque é integrado. Com a
economia é a mesma coisa. Se o dinheiro não circula suficiente por todas as
regiões, por todos os Estados e Municípios do País Continente, o desequilíbrio
se manifesta de todas as formas, inclusive na forma de violência generalizada.
Quando o BC não enxerga a economia
de modo abrangente não há investimento, e se não há investimento não há pesquisa,
o país não conquista novas tecnologias para melhorar a produção e a
produtividade. A infra-estrutura também fica capenga, não há estradas, nem
ferrovias, nem portos, e com esse caldo o custo Brasil vai para o espaço, e em conseqüência
os preços também sobem.
Portanto, não haverá equilíbrio na
economia nacional enquanto o BC o órgão gestor da economia, da política monetária, mais importante,
porque ele é permanente enquanto instituição. Os governos e governantes eleitos são transitórios,
passam. Mas, apesar de tudo o BC ainda goza do respeito dos governantes,
talvez por falta de conhecimento, não importa. Por isso eu afirmo com absoluta isenção o BC
é o único órgão que pode puxar o País, rumo às reformas, inclusive, a tributária,
sem as quais o Brasil e os brasileiros continuarão penando por décadas.
É inadmissível que volte a subida
dos juros sem que o País tenha aproveitado os benefícios do juro compatível com
a produção, o comércio e a indústria. Pois se assim acontecer, voltaremos ao
passado sem conhecer esse futuro.
Agora, se você leu este artigo que escrevi, de forma simples e compreensiva, e concordar com o meu pensamento, e a partir de hoje, também fizer suas críticas bem intencionadas, construtivas,
pode ser que o BC mude os seus óculos rapidamente, e passe a enxergar e a
agir com mais inteligência, e sabedoria. Exija isso, esse é o nosso papel de cidadãos conscientes. Juntos podemos exigir as mudanças...
Eustáquio Costa
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