Sunday, April 21, 2013

A Economia Brasileira não se equilibra por quê?


A economia brasileira vista potencialmente, com certeza, é uma das maiores do mundo. Não falta água, terra, sol, energia, fauna, nem flora. Minerais em abundância, povo, trabalhador e pacífico. Mas, à beira do desespero. 

A participação da economia brasileira no mercado global seria maior e melhor, fossem os vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores, ministros e juízes, todos, representantes do povo, e não, fantoches, representantes de interesses escusos, sanguessugas do dinheiro público que recebem, sem cumprir o seu papel institucional, em prejuízo do interesse do eleitor, que é o verdadeiro patrão.

A economia brasileira é tão poderosa que suportou por décadas, pagar os juros mais altos do Planeta, e mesmo assim, sobreviveu. 

O Banco Central do Brasil para mim é a instituição que menos entende da moeda, razão de sua própria existência.

O BC não consegue enxergar a moeda, enquanto instituição, como instrumento, como ferramenta, como alavanca fundamental do desenvolvimento econômico, social, político e tecnológico, que pode minimizar o esforço do empresário e do trabalhador, no sentido de manter o movimento, a alma da economia. O BC enxerga a moeda apenas como finalidade em si mesma, e age sempre sob essa visão míope.

Enquanto o BC não visualizar a moeda como ferramenta e se preocupar apenas com o espicha e encolhe dos juros – a política do estilingue – a economia brasileira não vai melhorar a sua participação no mercado global, porque está sendo gerida por instituições que não sabem pensar. O BC nem mesmo vê com clareza suas prerrogativas legais, e por isso age com absoluta incompetência, fazendo a mesma coisa sempre, mas esperando resultado diferente.

Contudo, a economia não vai piorar. A razão dessa confiança é simples: a riqueza há muito deixou de ser o ouro a pedra preciosa, para ser o alimento, o combustível humano. E nisso o Brasil é campeão, graças à Embrapa, Empresa Brasileira de Agropecuária. O que o BC enxerga como inflação dos alimentos, não é inflação, é a elevação dos preços puxada por fatores sazonais.

Portanto não são os alimentos os responsáveis pela elevação dos preços, a inflação de fato, que insiste em mostrar suas garras, tem componentes mais complexos e mais profundos. Os alimentos no Brasil não serão baratos como foram antes, porque a demanda internacional não permite mais. Se a produção fosse só para atender aos brasileiros, os preços estariam baixos.

Com o crescimento da economia brasileira, ainda que, a passos de tartaruga, nunca o nível de emprego esteve tão alto, falta mão de obra para o trabalho simples, para o trabalho braçal.  Falta mão de obra para o trabalho especializado. Por isso o circulo virtuoso não se completa, e o desequilíbrio da economia é permanente. A demanda é maior que a oferta.

A falta de mão de obra não permite que as empresas trabalhem a pleno vapor, e em razão disso, não conseguem ofertar bens e serviços suficientes, para manter oferta e demanda em equilíbrio.

O Brasil, por suas instituições permanentes deveria ter enxergado esse problema e ter atuado proativamente, para preparar os jovens brasileiros que ainda estão vivos, porque perdemos milhares deles, a cada ano, para a violência, que também é conseqüência da falta de visão do BC, que precisa mudar os óculos. 

Quando o BC não enxerga as suas prerrogativas, não usa de seu status para dirigir o pensamento e ação no sentido de realizar as medidas complementares, de cutucar os parlamentares, para conseguir caminhar além da política do estilingue, do sobe e desce dos juros, que só sozinha é medida inócua, a economia brasileira não sairá do circulo vicioso.

Não culpo os parlamentares, porque individualmente não são capazes historicamente de pensar, e juntos, também não pensam, porque a visão de mundo na Câmara e do Senado Brasileiro não está em sintonia com a vida real. Vive assim o BC, o Parlamento, os Tribunais, cada um em sua ilha de fantasia particular. Alheios ao interesse do povo trabalhador, aí incluídos todos: patrões, empregados e trabalhadores autônomos, de todos os segmentos.

Em meus 60 anos, mais de 35 dedicados ao trabalho em diversos bancos, em empresas públicas e privadas, inclusive multinacional, com a experiência ainda, de quem teve a sorte de aprender os ofícios de ferreiro, sapateiro, eletricista, marceneiro, mecânico, atendente de enfermagem, porque pretendia ser médico, mas, desisti da idéia, e virei Economista, e também com o conhecimento de quem atuou como empresário, na indústria e no comércio, na agricultura e pecuária; nunca encontrei um funcionário do BC caminhando pelo Brasil para compreender a sua complexidade. 

Para conferir que o Banco dos Bancos deve agir com rapidez, simplicidade e objetividade, como indutor, motor do pensamento seguro acerca de todas as variáveis que a moeda influencia no curto, médio e longo prazo e garantir que suas ações sejam carregadas da sabedoria popular, e que a energia do pensamento inteligente, permita visualizar as reais necessidades da economia, para que suas ações sobrevivam aos governos que são transitórios, é por tudo isso que, emissários do banco devem conhecer o brasil, e a alma dos brasileiros, que trabalham de verdade. É pela falta dessa relação particular com o Brasil e os brasileiros, que eu digo sempre: o BC é a instituição que menos entende da moeda, e de seu potencial efetivo.

A moeda é o sangue da economia, deve circular na medida certa, na velocidade e densidade certas, como o sangue em nossas veias não pode ficar ralo nem grosso demais, e a pressão arterial que determina sua velocidade de circulação, não pode ser muito alta, sob pena de um derrame; 12 x8 é o ponto de equilíbrio. Assim deve ser enxergada a circulação da moeda na economia, para que haja o equilíbrio e espante a inflação perigosa.

Para Lauro Campos, um dos grandes pensadores da Economia Brasileira, ex-senador e professor da UNB - Universidade de Brasília, que não foi escutado em seu coração e inteligência rara, dizia: "inflação é uma questão de meta e metodos". O BC traça a meta de inflação, mas, faltam os métodos para que ela o obedeça, enquanto gestor da política monetária.

Para quem conhece o Brasil é fácil encontrar lugares importantes, por onde o dinheiro não anda, não circula, e a falta do dinheiro gera exclusão, não gera demanda, nem o consumo que fortalece o mercado interno e garante qualidade de vida, a ótica do modelo em que vivemos, do capitalismo, que não vai mudar. Pois, ainda não se inventou coisa melhor, para garantir a convivência na economia de mercado.

O dinheiro deve passar pelas mãos de todos os brasileiros. O BC está preocupado com os capitais especulativos, com os que usam o dinheiro para especular, e com a força dele exploram principalmente os trabalhadores, as pessoas que geram o verdadeiro e necessário movimento da economia, que a torna real, são as formiguinhas que fazem a economia funcionar, produzindo e consumindo ao mesmo tempo.

Se o sangue deixa de passar por uma veia, por um capilar, o órgão que não recebe sangue morre, para de funcionar, todo o organismo fica comprometido, porque é integrado. Com a economia é a mesma coisa. Se o dinheiro não circula suficiente por todas as regiões, por todos os Estados e Municípios do País Continente, o desequilíbrio se manifesta de todas as formas, inclusive na forma de violência generalizada.

Quando o BC não enxerga a economia de modo abrangente não há investimento, e se não há investimento não há pesquisa, o país não conquista novas tecnologias para melhorar a produção e a produtividade. A infra-estrutura também fica capenga, não há estradas, nem ferrovias, nem portos, e com esse caldo o custo Brasil vai para o espaço, e em conseqüência os preços também sobem.

Portanto, não haverá equilíbrio na economia nacional enquanto o BC o órgão gestor da economia, da política monetária, mais importante, porque ele é permanente enquanto instituição. Os governos e governantes eleitos são transitórios, passam. Mas, apesar de tudo o BC ainda goza do respeito dos governantes, talvez por falta de conhecimento, não importa. Por isso eu afirmo com absoluta isenção o BC é o único órgão que pode puxar o País, rumo às reformas, inclusive, a tributária, sem as quais o Brasil e os brasileiros continuarão penando por décadas.

É inadmissível que volte a subida dos juros sem que o País tenha aproveitado os benefícios do juro compatível com a produção, o comércio e a indústria. Pois se assim acontecer, voltaremos ao passado sem conhecer esse futuro.

Agora, se você leu este artigo que escrevi, de forma simples e compreensiva, e concordar com o meu pensamento, e a partir de hoje, também fizer suas críticas bem intencionadas, construtivas, pode ser que o BC mude os seus óculos rapidamente, e passe a enxergar e a agir com mais inteligência, e sabedoria. Exija isso, esse é o nosso papel de cidadãos conscientes. Juntos podemos exigir as mudanças...

Eustáquio Costa    

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