Para mim, o Bitcoin é uma falsa moeda, uma farsa, uma arapuca
para apanhar curiosos que, em pleno século vinte e um, não compreenderam ainda
a grandeza do papel moeda, com o qual estamos acostumados a lidar
cotidianamente, sem perceber a sua força institucional, a sua grandeza como
alavanca possível e indispensável para o progresso da humanidade.
Para que o papel moeda alcançasse a sua conformidade mágica
irresistível, irrecusável, como um perfume de primeira linha, mesmo sem valor
intrínseco, sem lastro ouro, foram séculos de desenvolvimento e
aperfeiçoamento, tanto do dinheiro quanto da própria sociedade, para
utilizá-lo. Não há nada para mudar nisso.
Portanto, é preciso que você, ao ler este artigo, saiba, não
tenha dúvida, qualquer nova moeda que apareça no senário atual da humanidade é
desnecessária, será uma farsa, uma arapuca. Não há espaço no mundo para outra
moeda. Cada nação que cuide bem da sua, esse é o lema essencial para garantir
estabilidade, paz, desenvolvimento e inclusão social.
No entanto, a maioria das pessoas usa o dinheiro, especula
com ele, mas, não pensa nem mesmo na sua definição mais objetiva: o dinheiro é
um vale sobre o ativo social. Para ter direito a esse vale, ao dinheiro, honestamente,
é preciso ser útil à sociedade de alguma forma, oferecendo bens e/ou serviços
que melhorem a qualidade de vida das pessoas que fazem parte da sociedade. Caso
contrário, será roubando, que as pessoas conseguirão dinheiro, como fazem
grande número de “políticos” no Brasil, vergonhosamente.
Para que a sociedade possa aproveitar a força mágica do
dinheiro, é preciso aguçar a curiosidade das crianças, de meninas e meninos,
desde cedo, como vacina que as imunizem contra uma série de fraudes praticadas
diariamente, por todos os cantos do País e do mundo, por onde o dinheiro
circula. Só a compreensão da estupenda grandeza do dinheiro pode impedir que os
homens e mulheres de amanhã, queiram mais dinheiro do que precisem para
conduzirem suas vidas.
Isso não significa em hipótese alguma condenar as grandes
riquezas, as grandes fortunas, porque, o desejo de ganhar muito dinheiro, de
capitalizar-se, de lucrar, é objetivamente, o grande motor do capitalismo e do
desenvolvimento da sociedade, sob todos os pontos de vista.
Certa vez, quando eu ainda trabalhava na tesouraria do BRB,
na sua agência mais importante da época, no Conjunto Nacional de Brasília,
levamos um garoto para engraxar nossos sapatos, dentro do ambiente restrito da
tesouraria. A criança ficou apavorada, angustiada, ao ver uma mesa cheia de
dinheiro. Se não tivéssemos procurado acalmá-la, não teria conseguido exercer o
seu trabalho de engraxate, naquele momento. Explicamos que o dinheiro não era
nosso, mas, de várias pessoas que traziam para guardar no banco, e, que, ela
também poderia guardar o seu dinheiro no banco quando precisasse. Aquela cena,
provavelmente, tenha melhorado a minha compreensão acerca do dinheiro, da
diferença entre o meu dinheiro e o dinheiro dos outros.
Não me lembro quem era a criança, mas, tenho curiosidade de
saber o que terá feito de sua vida, a partir daquele episódio que, certamente,
ficou registrado em sua memória para sempre.
Se o ex-senador Geddel Vieira Lima tivesse estudado quando
criança, o que é o dinheiro, para que ele serve, qual a sua importância no
âmbito da sociedade, e do ponto de vista particular, provavelmente, não teria
sido levado à tamanha ganância, ao ponto de guardar uma montanha de mais de
R$51.000.000 num apartamento à beira da praia. A ganância pelo dinheiro levou
ao fim de sua carreira política e de certa forma, ao fim de sua vida, porque, na
prisão a vida não é fácil, certamente.
O dinheiro para gerar riqueza precisa ser colocado em movimento,
precisa circular de mãos em mãos, o dinheiro parado é como a cobra, se não
anda, não engole sapo.
Então, para se ter dinheiro honestamente é preciso dispor de
tempo, gastar energia com mais ou menos inteligência. Em média, para o homem
comum, trabalhador e honesto, nos trabalhos tradicionais, gasta-se quarenta
anos de sua vida adulta, trabalhando bem e cuidando bem de seu dinheiro, para
juntar capital suficiente para lhe permitir uma vida tranquila ao final de sua
jornada.
Entretanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicação de
massa, da inerte, dos meios de transportes ultrarrápidos, como é o caso dos
aviões, é possível fazer fortuna rapidamente, usando mais a inteligência do que
a força física.
Eu costumo dizer que, a empresa de cada um de nós está pronta
para entrar em ação. Antigamente, para se criar uma empresa, era bastante
complicado. Se envolvida transporte, entregas particulares, era preciso ter
pelo menos um veículo de cargas.
Hoje, você pode iniciar a sua empresa, trabalhar em casa, e
distribuir mercadorias de modo eficiente, para todo o País e para todos os
cantos do mundo, pelos Correios, por exemplo, sem qualquer preocupação com a
manutenção de um veículo de transporte.
Infelizmente, no Brasil, o Estado brasileiro ainda não
compreendeu essa realidade suficientemente, para facilitar a vida do empreendedor,
ainda existem muitas barreiras impostas artificialmente, para criar
dificuldades, com o objetivo de venderem facilidades.
Acorda Brasil, o tempo não para, a vida é um bem finito, é
inaceitável a burocracia paralisante, que dificulta a liberdade de produzir e
comercializar bens e serviços.
Nos países desenvolvidos e ricos, o habito de poupar, de
guardar dinheiro é arraigado profundamente, as famílias se preocupam, desde
cedo, em incutirem na cabeça das crianças, a responsabilidade e o respeito no trato
do dinheiro. Portanto, são ricos porque poupam, e não, porque trabalham muito
mais do que nós brasileiros.
No Brasil é grande o número de pessoas que morrem de
trabalhar, sofrem muito, e terminam pobres e desamparadas, porque, ao longo de
suas vidas não tiveram informações suficientes, para que pudessem compreender a
essência do dinheiro, a importância de guardar regularmente, um pouco de tudo
que se ganha trabalhando.
Porém, quem trabalha e cuida bem de seu dinheiro, guarda-o em
bancos sérios e seguros historicamente falando, a qualquer momento pode
transformar sua fortuna financeira em bens e/ou serviços, porque, a sociedade
organizada, garante o valor do papel moeda, e o sistema preserva o seu valor,
segundo as regras claras, vigentes.
O Bitcoin não passa de uma arapuca, porque, não há uma
sociedade que o garanta. Não há qualquer segurança de conversibilidade, porque,
essa garantia depende de uma força maior, da existência do Estado organizado,
do império da lei e das convenções sociais e instituídas, para lhe dar
sustentação. Se por uma razão inesperada, houver uma pane no sistema
informatizado a sua fortuna em Bitcoin desaparecerá, porque, o Bitcoin não tem
vinculação intrínseca com a economia. Se por acaso, você perder a sua senha de
criação do seu Bitcoin, também estará sujeito a perder o seu saldo, porque, ele
não é individualizado no sistema, mas, apenas separado por uma senha.
O Bitcoin é uma dessas experiências que não vale a pena
vivenciar, porque, não agrega absolutamente nada, no universo das
potencialidades econômicas. Na verdade, do meu ponto de vista, o Bitcoin é uma
tentativa mal sucedida de esconder recursos ilícitos.
A moeda para ter credibilidade e oferecer garantia precisa
ser publica, transparente, precisa ser simples e objetiva, como o é o caso do
papel moeda, seja ele em Real, Dólar, Euro, ou quaisquer outros papeis moedas
conhecidos, ainda que, tão somente, em suas respectivas sociedades, ou, entre
as sociedades que processam relações econômicas multilaterais.
A pretensa criação de uma moeda à revelai do controle
estatal, em si, já enseja preocupação, porque, ignorar a presença e a necessidade
do estado organizado nos dias de hoje, é também um anto de insanidade, de
contestação absurda, idiossincrásica.
É claro que, precisamos aperfeiçoar as nossas instituições, a
conduto do estado no gerenciamento da moeda, garantir sua transparência, fortalecer
a democracia como forma de governo e o capitalismo, como mola propulsora do desenvolvimento
econômico, social, político e científico. Mas, ignorar o fantástico poder do
dinheiro, é imbecilidade, é doença grave.
O dinheiro é uma ferramenta, uma alavanca, um catalizador de
energia física e psicológica, que pode promover a criação de bens e serviços, que
pode construir e pode destruir, pode dar sustentação e pode criar
instabilidade, pode criar soluções, mas, também pode criar confusões, e tudo
isso, depende apenas da forma como é administrado e circula. Para que lado a
alavanca do seu dinheiro pende: para o bem ou para o mal? O dinheiro pode
harmonizar a vida em sociedade, desde, que, seja usado corretamente. O
dinheiro, o papel moeda, não carece de qualquer aperfeiçoamento para exercer
perfeitamente a sua função. Ele é suficientemente desenvolvido, existe em toda
sociedade organizada em que a atividade econômica e a geração de riqueza
repousa sobre a divisão do trabalho entre as pessoas que vivem juntas,
efetivamente.
Entre todos os instrumentos criados pelo homem não há
qualquer outro que lhe permita economizar tanto tempo e trabalho como é o caso
do instrumento monetário.
O dinheiro como o conhecemos hoje, com suas derivações já
conhecidas, como é o caso dos cartões de créditos, “dinheiro de plástico”, que,
de fato, não passam de uma maneira virtual de manipulação do papel moeda, sem
que ele precise circular fisicamente, é mais que suficiente para garantir o
processo de desenvolvimento de todas as sociedades mundiais, de todas as
nações. Mas, é preciso ter em mente que, em cada operação realizada envolvendo
o dinheiro, haverá modificação de saldo entre as pessoas envolvidas, entre as
instituições participantes de cada operação, no âmbito de suas respectivas
contas bancárias, fazendo variar o saldo em dinheiro, para mais ou para menos.
Eu não me canso de dizer que, o grande mal da humanidade é
não saber lidar com o dinheiro, porque, o dinheiro é a sua criação mais
fantástica, sem ele, o desenvolvimento da humanidade não teria sido possível,
sob os mais variados aspectos.
Por tanto, se queres um conselho, esqueça o Bitcoin, esqueça
outras possíveis invenções de moedas virtuais, porque, o desfecho desse
“negócio” será assustador para muita gente que acreditou na reinvenção da roda
em matéria de dinheiro, porque, por isso, poderá ter a sua performance
econômica, social e política muito prejudicada.
Embora eu não seja especialista em informática, tenho
conversado com pessoas que acham que compreendem a complexidade do sistema
Bitcoin e acreditam na sua credibilidade, e, com base em tudo que tenho lido
acerca disso, ninguém me convenceu do contrário do que penso.
Bitcoin é uma arapuca desenvolvida para apanhar passarinhos
que se acham os melhores voadores, embora, em matéria de vou, mal saíram do
ninho ainda, porque, nunca se deram ao trabalho de estudarem sobre a origem,
criação e desenvolvimento da moeda, do dinheiro com o qual lidamos diariamente,
mas, ignorando as suas infinitas potencialidade.
Se quiseres o ano de 2018 melhor do que foi o ano de 2017, faça
a sua parte, zele melhor de seu dinheiro todos os dias, faça melhor do que
fizera no ano anterior, porque, o dinheiro não desaparece, deixa rastros, mas,
muda de mãos com muita facilidade. Se tiveres alguma dúvida, pergunte ao Geddel
Viera Lima, por onde anda a sua fortuna, e se valeu a pena a aventura?
Brasília – DF, 20 de janeiro de 2018.
Eustáquio Costa
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