Saturday, January 20, 2018

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Bitcoin a idiossincrasia mundial


Para mim, o Bitcoin é uma falsa moeda, uma farsa, uma arapuca para apanhar curiosos que, em pleno século vinte e um, não compreenderam ainda a grandeza do papel moeda, com o qual estamos acostumados a lidar cotidianamente, sem perceber a sua força institucional, a sua grandeza como alavanca possível e indispensável para o progresso da humanidade.

Para que o papel moeda alcançasse a sua conformidade mágica irresistível, irrecusável, como um perfume de primeira linha, mesmo sem valor intrínseco, sem lastro ouro, foram séculos de desenvolvimento e aperfeiçoamento, tanto do dinheiro quanto da própria sociedade, para utilizá-lo. Não há nada para mudar nisso.

Portanto, é preciso que você, ao ler este artigo, saiba, não tenha dúvida, qualquer nova moeda que apareça no senário atual da humanidade é desnecessária, será uma farsa, uma arapuca. Não há espaço no mundo para outra moeda. Cada nação que cuide bem da sua, esse é o lema essencial para garantir estabilidade, paz, desenvolvimento e inclusão social.

No entanto, a maioria das pessoas usa o dinheiro, especula com ele, mas, não pensa nem mesmo na sua definição mais objetiva: o dinheiro é um vale sobre o ativo social. Para ter direito a esse vale, ao dinheiro, honestamente, é preciso ser útil à sociedade de alguma forma, oferecendo bens e/ou serviços que melhorem a qualidade de vida das pessoas que fazem parte da sociedade. Caso contrário, será roubando, que as pessoas conseguirão dinheiro, como fazem grande número de “políticos” no Brasil, vergonhosamente.

Para que a sociedade possa aproveitar a força mágica do dinheiro, é preciso aguçar a curiosidade das crianças, de meninas e meninos, desde cedo, como vacina que as imunizem contra uma série de fraudes praticadas diariamente, por todos os cantos do País e do mundo, por onde o dinheiro circula. Só a compreensão da estupenda grandeza do dinheiro pode impedir que os homens e mulheres de amanhã, queiram mais dinheiro do que precisem para conduzirem suas vidas.

Isso não significa em hipótese alguma condenar as grandes riquezas, as grandes fortunas, porque, o desejo de ganhar muito dinheiro, de capitalizar-se, de lucrar, é objetivamente, o grande motor do capitalismo e do desenvolvimento da sociedade, sob todos os pontos de vista.

Certa vez, quando eu ainda trabalhava na tesouraria do BRB, na sua agência mais importante da época, no Conjunto Nacional de Brasília, levamos um garoto para engraxar nossos sapatos, dentro do ambiente restrito da tesouraria. A criança ficou apavorada, angustiada, ao ver uma mesa cheia de dinheiro. Se não tivéssemos procurado acalmá-la, não teria conseguido exercer o seu trabalho de engraxate, naquele momento. Explicamos que o dinheiro não era nosso, mas, de várias pessoas que traziam para guardar no banco, e, que, ela também poderia guardar o seu dinheiro no banco quando precisasse. Aquela cena, provavelmente, tenha melhorado a minha compreensão acerca do dinheiro, da diferença entre o meu dinheiro e o dinheiro dos outros.

Não me lembro quem era a criança, mas, tenho curiosidade de saber o que terá feito de sua vida, a partir daquele episódio que, certamente, ficou registrado em sua memória para sempre.

Se o ex-senador Geddel Vieira Lima tivesse estudado quando criança, o que é o dinheiro, para que ele serve, qual a sua importância no âmbito da sociedade, e do ponto de vista particular, provavelmente, não teria sido levado à tamanha ganância, ao ponto de guardar uma montanha de mais de R$51.000.000 num apartamento à beira da praia. A ganância pelo dinheiro levou ao fim de sua carreira política e de certa forma, ao fim de sua vida, porque, na prisão a vida não é fácil, certamente.
O dinheiro para gerar riqueza precisa ser colocado em movimento, precisa circular de mãos em mãos, o dinheiro parado é como a cobra, se não anda, não engole sapo.

Então, para se ter dinheiro honestamente é preciso dispor de tempo, gastar energia com mais ou menos inteligência. Em média, para o homem comum, trabalhador e honesto, nos trabalhos tradicionais, gasta-se quarenta anos de sua vida adulta, trabalhando bem e cuidando bem de seu dinheiro, para juntar capital suficiente para lhe permitir uma vida tranquila ao final de sua jornada.

Entretanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, da inerte, dos meios de transportes ultrarrápidos, como é o caso dos aviões, é possível fazer fortuna rapidamente, usando mais a inteligência do que a força física.

Eu costumo dizer que, a empresa de cada um de nós está pronta para entrar em ação. Antigamente, para se criar uma empresa, era bastante complicado. Se envolvida transporte, entregas particulares, era preciso ter pelo menos um veículo de cargas.

Hoje, você pode iniciar a sua empresa, trabalhar em casa, e distribuir mercadorias de modo eficiente, para todo o País e para todos os cantos do mundo, pelos Correios, por exemplo, sem qualquer preocupação com a manutenção de um veículo de transporte.

Infelizmente, no Brasil, o Estado brasileiro ainda não compreendeu essa realidade suficientemente, para facilitar a vida do empreendedor, ainda existem muitas barreiras impostas artificialmente, para criar dificuldades, com o objetivo de venderem facilidades.

Acorda Brasil, o tempo não para, a vida é um bem finito, é inaceitável a burocracia paralisante, que dificulta a liberdade de produzir e comercializar bens e serviços.

Nos países desenvolvidos e ricos, o habito de poupar, de guardar dinheiro é arraigado profundamente, as famílias se preocupam, desde cedo, em incutirem na cabeça das crianças, a responsabilidade e o respeito no trato do dinheiro. Portanto, são ricos porque poupam, e não, porque trabalham muito mais do que nós brasileiros.

No Brasil é grande o número de pessoas que morrem de trabalhar, sofrem muito, e terminam pobres e desamparadas, porque, ao longo de suas vidas não tiveram informações suficientes, para que pudessem compreender a essência do dinheiro, a importância de guardar regularmente, um pouco de tudo que se ganha trabalhando.

Porém, quem trabalha e cuida bem de seu dinheiro, guarda-o em bancos sérios e seguros historicamente falando, a qualquer momento pode transformar sua fortuna financeira em bens e/ou serviços, porque, a sociedade organizada, garante o valor do papel moeda, e o sistema preserva o seu valor, segundo as regras claras, vigentes.

O Bitcoin não passa de uma arapuca, porque, não há uma sociedade que o garanta. Não há qualquer segurança de conversibilidade, porque, essa garantia depende de uma força maior, da existência do Estado organizado, do império da lei e das convenções sociais e instituídas, para lhe dar sustentação. Se por uma razão inesperada, houver uma pane no sistema informatizado a sua fortuna em Bitcoin desaparecerá, porque, o Bitcoin não tem vinculação intrínseca com a economia. Se por acaso, você perder a sua senha de criação do seu Bitcoin, também estará sujeito a perder o seu saldo, porque, ele não é individualizado no sistema, mas, apenas separado por uma senha.

O Bitcoin é uma dessas experiências que não vale a pena vivenciar, porque, não agrega absolutamente nada, no universo das potencialidades econômicas. Na verdade, do meu ponto de vista, o Bitcoin é uma tentativa mal sucedida de esconder recursos ilícitos.

A moeda para ter credibilidade e oferecer garantia precisa ser publica, transparente, precisa ser simples e objetiva, como o é o caso do papel moeda, seja ele em Real, Dólar, Euro, ou quaisquer outros papeis moedas conhecidos, ainda que, tão somente, em suas respectivas sociedades, ou, entre as sociedades que processam relações econômicas multilaterais.

A pretensa criação de uma moeda à revelai do controle estatal, em si, já enseja preocupação, porque, ignorar a presença e a necessidade do estado organizado nos dias de hoje, é também um anto de insanidade, de contestação absurda, idiossincrásica.

É claro que, precisamos aperfeiçoar as nossas instituições, a conduto do estado no gerenciamento da moeda, garantir sua transparência, fortalecer a democracia como forma de governo e o capitalismo, como mola propulsora do desenvolvimento econômico, social, político e científico. Mas, ignorar o fantástico poder do dinheiro, é imbecilidade, é doença grave.

O dinheiro é uma ferramenta, uma alavanca, um catalizador de energia física e psicológica, que pode promover a criação de bens e serviços, que pode construir e pode destruir, pode dar sustentação e pode criar instabilidade, pode criar soluções, mas, também pode criar confusões, e tudo isso, depende apenas da forma como é administrado e circula. Para que lado a alavanca do seu dinheiro pende: para o bem ou para o mal? O dinheiro pode harmonizar a vida em sociedade, desde, que, seja usado corretamente. O dinheiro, o papel moeda, não carece de qualquer aperfeiçoamento para exercer perfeitamente a sua função. Ele é suficientemente desenvolvido, existe em toda sociedade organizada em que a atividade econômica e a geração de riqueza repousa sobre a divisão do trabalho entre as pessoas que vivem juntas, efetivamente.

Entre todos os instrumentos criados pelo homem não há qualquer outro que lhe permita economizar tanto tempo e trabalho como é o caso do instrumento monetário.

O dinheiro como o conhecemos hoje, com suas derivações já conhecidas, como é o caso dos cartões de créditos, “dinheiro de plástico”, que, de fato, não passam de uma maneira virtual de manipulação do papel moeda, sem que ele precise circular fisicamente, é mais que suficiente para garantir o processo de desenvolvimento de todas as sociedades mundiais, de todas as nações. Mas, é preciso ter em mente que, em cada operação realizada envolvendo o dinheiro, haverá modificação de saldo entre as pessoas envolvidas, entre as instituições participantes de cada operação, no âmbito de suas respectivas contas bancárias, fazendo variar o saldo em dinheiro, para mais ou para menos.

Eu não me canso de dizer que, o grande mal da humanidade é não saber lidar com o dinheiro, porque, o dinheiro é a sua criação mais fantástica, sem ele, o desenvolvimento da humanidade não teria sido possível, sob os mais variados aspectos.

Por tanto, se queres um conselho, esqueça o Bitcoin, esqueça outras possíveis invenções de moedas virtuais, porque, o desfecho desse “negócio” será assustador para muita gente que acreditou na reinvenção da roda em matéria de dinheiro, porque, por isso, poderá ter a sua performance econômica, social e política muito prejudicada.

Embora eu não seja especialista em informática, tenho conversado com pessoas que acham que compreendem a complexidade do sistema Bitcoin e acreditam na sua credibilidade, e, com base em tudo que tenho lido acerca disso, ninguém me convenceu do contrário do que penso.

Bitcoin é uma arapuca desenvolvida para apanhar passarinhos que se acham os melhores voadores, embora, em matéria de vou, mal saíram do ninho ainda, porque, nunca se deram ao trabalho de estudarem sobre a origem, criação e desenvolvimento da moeda, do dinheiro com o qual lidamos diariamente, mas, ignorando as suas infinitas potencialidade.

Se quiseres o ano de 2018 melhor do que foi o ano de 2017, faça a sua parte, zele melhor de seu dinheiro todos os dias, faça melhor do que fizera no ano anterior, porque, o dinheiro não desaparece, deixa rastros, mas, muda de mãos com muita facilidade. Se tiveres alguma dúvida, pergunte ao Geddel Viera Lima, por onde anda a sua fortuna, e se valeu a pena a aventura?

Brasília – DF, 20 de janeiro de 2018.

Eustáquio Costa