Penso que a sociedade deve orientar melhor
meninas e meninos acerca da sexualidade. Os animais que chamamos de irracionais
promovem o encontro sexual, em regra, apenas para a procriação.
Entre homens e mulheres é diferente,
principalmente hoje que a liberdade sexual é muitas vezes confundida com
libertinagem, mesmo diante do advento da AIDS.
O estimulo sexual entre os animais é aromático
e obedece ao desenvolvimento genético. Entre homens e mulheres, há muito que a
atração deixou de priorizar estímulos genéticos para se orientar
sociologicamente.
A razão é simples: entre todos os animais no
processo evolutivo, o único que aumentou o tamanho de seu cérebro foi o homem.
O cérebro do homem atual é 3,44 vezes maior do que o cérebro de seu ancestral.
Ou seja, desde que desceu da árvore o cérebro do homem cresceu 244%, é muito
privilégio para ser desperdiçado.
O crescimento do cérebro deu ao homem uma
mente poderosa, enquanto que os outros animais continuam com seu cérebro
geneticamente limitado, orientando-se, mais pelo instinto natural do que em
razão de sua convivência social.
Entretanto, a maioria de homens e mulheres
ainda hoje, em pleno século vinte e um, o século da informática e da internet e
da comunicação instantânea, usa pouco mais de 5% de seu potencial mental para
se conduzir diante da vida, holisticamente.
A subutilização do potencial mental faz com
que homens e mulheres não compreendam o alcance das mensagens corporais que
enviam uns para os outros naturalmente, nem as levem tão a sério como deveriam.
Mesmo que muitas vezes, as mensagens de um corpo para o outro corpo, sejam mais
abrangentes do que a troca de conversa falada ou escrita, quando podem
descobrir que de fato, não há interesse bilateral entre ambos, o que promove o
afastamento amistoso, sem qualquer possibilidade de agressão.
Em razão da explicação que tem base histórica
e científica, a indignação da presidente Dilma e de milhares de mulheres com o
resultado da pesquisa que fala sobre as questões sexuais e o estupro,
relativamente ao comportamento da mulher não faz sentido, se analisada apenas
com apego emocional, porque, com todo respeito e carinho por todas as mulheres,
é preciso que repensem sua conduta diante dos homens, mas, também, diante umas
das outras, para o bem da humanidade.
Não estou dizendo que o homem se comporta
melhor. Nada disto!
Porém, é preciso compreender, que, para o
cérebro de qualquer homem que no fundo de seu mais recôndito inconsciente,
guarda intacto o espírito animal que herdou de seus antepassados, a mulher que
se veste de modo provocante e sai às ruas assim, mostrando suas curvas e parte
intima, está fazendo a esse homem um convite para uma transa sexual. Essa é a
mensagem inconsciente que o corpo da mulher manda para o corpo do homem que a
recebe.
Desse ponto de vista simples e objetivo, mas,
verdadeiro, toda mulher que anda pelas ruas com roupas provocantes, mostrando
seu corpo e suas curvas, encontra do outro lado, dezenas ou centenas de homens
recebendo o seu convite, ainda que, inconsciente.
Felizmente, a maioria de homens, em razão de
seu desenvolvimento sociológico que vai além do animal consegue controlar suas
vontades e emoções, e por isso, não ataca as mulheres vestidas minimamente, que
saem às ruas.
Porém, aquele homem mais distraído, menos
desenvolvido sociologicamente, que não consegue controlar suas emoções, terá
dificuldade de dominar o estímulo sexual recebido, razão do ataque imprevisível
para a mulher.
Neste momento surge o desacordo, eis que,
aquela mulher, de fato, não estava sociologicamente fazendo um convite sexual.
Mas, instintivamente, do ponto de vista do animal que vive adormecido dentro
dela também, de fêmea, está fazendo o convite para a transa sexual.
Eu não sou psicólogo, sou Economista, tenho
três filhos, dois homens e no meio uma mulher, que foi tratada com a mesma
liberdade. Mas, também, com as mesmas orientações e responsabilidades. Os três
são bem resolvidos e vitoriosos como seres humanos, o que me dá certa autoridade
para falar com alguma experiência, e alguma sabedoria conquistada em sessenta
anos de vida, dedicada ao trabalho e boa convivência social.
Do meu modesto ponto de vista, a discussão
acerca das violências sociais não deve ser conduzida sob o clima de paixão nem de
irracionalidade, mas, com os pés no chão, com apoio no conhecimento acumulado
pela humanidade há milênios, muitas vezes esquecido diante do exercício da vida.
Não sou contra que as mulheres usem roupas
miúdas que mostrem suas curvas, nem mesmo suas partes intimas. Porém, a favor
de que todas elas tenham consciência que ao agirem assim, principalmente,
levando-se em conta o ambiente, estarão provocando em grande número de homens
estímulos sexuais que muitas vezes não conseguirão controlar em razão do
comportamento animal, que permanece vivo dentro de todos eles.
Penso que, as mulheres devem perguntar umas às
outras, por exemplo: como seria a sua reação diante dos homens, se a maioria
deles andasse nua ou quase nua pelas ruas das cidades?
Na verdade, o mesmo instinto que leva homens e
mulheres ao ataque sexual ousado pode reprimir esse ímpeto quando enxergam nas
ruas uns e outros, vestidos segundo a exigência circunstancial.
Ou seja, dificilmente um homem atacará uma
mulher bem vestida, assim também, uma mulher não atacará um homem corretamente
vestido em seu ambiente social, porque, a situação evidencia a exigência de
respeito mutuo. A razão disso também é simples de ser compreendida:
comportamento gera comportamento, para mais ou para menos.
É importante que a sociedade repense o seu
comportamento de modo genérico, e as mulheres em particular, porque, na cabeça
de numero considerável de homens, a mulher que se expõe em demasia está sempre
disponível para eles, e aí, mora o perigo permanente!
Não estou aqui fazendo juízo de valor do que é
legal, moral ou ético, porque, a solução não está nas leis que discriminam o
que é certo e o que é errado. Mas, no melhor aproveitamento da capacidade
mental de cada indivíduo, em proveito de seu engrandecimento cultural, social e
econômico, usando mais o privilégio de ser diferente, de ser dotado de uma
ferramenta poderosa, porém, ambígua, porque, pode ser usada para o bem ou para
o mal, que é a inteligência.
A sociedade precisa e deve ensinar a juventude
a usar melhor suas mãos, a ocupá-las com a manipulação de coisas positivas que
geram riqueza pessoal e coletiva, porque, a mente poderosa com a visão frontal
que enxerga longe, auxiliada por mãos desocupadas, se transforma rapidamente em
oficina comandada pelo diabo.
Espero, sinceramente, que o artigo seja
interpretado tão somente segundo a sua boa intenção, e, por isso, possa
contribuir para que pais e mães, meninos e meninas usem cada vez mais a
inteligência para se protegerem no exercício diário de seu mais importante
trabalho, o trabalho de viverem em harmonia social, porque, viver é um desafio
permanente. Viver com inteligência uma necessidade de homens e mulheres, ainda
que, apenas, para justificarem o privilégio de terem um cérebro maior, e uma
mente mais poderosa.
O exemplo a ser seguido não deve ser as
mulheres frutas, mas, as mulheres que usam a cabeça equipada com cérebro
desenvolvido e mente poderosa.
Brasília – DF, 30 de março de 2014.
Eustáquio Costa